Luz
No meio da escuridão da noite, alguém conseguiu acender uma pequena luzinha e ainda me disse como quem não queria nada que esta luzinha iria aumentar a cada dia que passasse.
Passaram-se dias, semanas, meses até que essa luz falhou por segundos. Tive medo que, quando amanhecesse naquele dia eu não conseguisse ver a luz do dia e tudo recuasse. A vozinha soou na minha cabeça, mais uma vez e disse me para que eu não me preocupasse pois só precisava de a enroscar um pouquinho mais. Fi-lo e resultou! A luzinha misteriosa que me veio parar às mãos, por alguém que eu não sabia quem era e sem eu saber o porquê estava a dar-me forças para que eu me sentisse mais forte.
Certo dia, ao crepúsculo, tive um medo que não sabia explicar a ninguém e só conseguia olhar para aquele presente que me fazia alegrar e sorrir. Chegou a noite e eu percebi o meu medo: A luz não acendia de novo e a voz que me aconselhava, não ecoava dentro de mim. Não conseguia perceber o porquê daquilo me estava a acontecer e perguntava-me qual era a razão para que aquilo estivesse a acontecer. Obtive a resposta passado uns quantos meses, não sei bem dizer o mês certo e muito menos o dia mas a resposta era a certa e a mais lógica possível. Tinha se fundido. Foi quando ao substituí-la que percebi que nem sempre existe uma substituição, já que por vezes temos que aprender a perder.
O tempo foi passando e eu sabia que não estava bem comigo própria, ou melhor, sentia que me faltava alguma coisa, coisa essa que eu não sabia o que era. Pensei e repensei até que a decisão fora tomada! Tinha de começar a aproveitar o dia e não mais a noite.
Anos se passaram e eu tinha recomeçado a minha vida do zero. Começara a trabalhar há coisa de dois anos, tinha comprado uma casa que desse para eu organizar a minha vida onde pudesse ter o meu cantinho. Era uma casa simples, não como eu tinha idealizado em criança mas era a casa que eu podia ter por enquanto e por incrível que pareça, eu até me sentia feliz.
Foi no dia 13 de Novembro que aconteceu algo insólito. Estava para colocar a chave na fechadura que dei um pontapé em algo de vidro, não sabia o que era pois o corredor estava escuro, acendi a luz e por mais estranho que fosse, tinha acontecido... Era uma lâmpada com um recado: "Desculpa ter estado ausente e por não te ter ajudado nos momentos em que precisavas, mas fui tratar de algo que te faria o mais feliz possível. Continua no teu trabalho e a ser quem tu és. Vais ver que és recompensada!". Agarrei na lâmpada e pu-la no meu quarto. Exatamente, à mesma hora, no crepúsculo da "quase noite" e passado 1 mês e 20 dias exatos esta fez luz e até hoje ainda não foi apagada. Decidi olhar para cima e sussurrar umas palavras de agradecimento aquela voz que até hoje ninguém sabe quem, como e porquê é que apareceu na minha vida: "Dizias que eu seria recompensada se eu fosse quem eu era e realmente fui. Tive a melhor prenda da minha vida e não a vou ignorar ou desperdiçar. Obrigada"